Caminhada solo

Artigo publicado em: Apr 10, 2024 Tag do artigo: Compartilhando Histórias
Caminhada solo
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Por Catarina Glashester | 3 min de leitura

Saí da aula de surf naquela manhã e tinha deixado meio combinado de encontrar um amigo na praia. Não somos muito bons de comunicação, só sabíamos que ele acabaria um treino de natação em Copacabana e que eu terminava a aula de surf quase no mesmo horário ali do lado, no Arpoador. Terminei a aula e peguei meu telefone pra tentar saber do itinerário dele, mas não consegui contato. Então decidi ir andando de uma praia até a outra para ver se o encontrava perto das barraquinhas daquelas equipes de natação e corrida. 

Chegando lá, não lembrava qual a cor da barraquinha da assessoria dele, muito menos o nome. Dei uma olhada na minha mochila, vi que tinha esquecido o meu fone de ouvido em casa, que eram recém 9:30 da manhã e, pela primeira vez em muito tempo, percebi que eu não tinha absolutamente nada para fazer naquele momento. Ai, como a rotina nunca nos permite, comecei a caminhar sem rumo pela praia, solo, ouvindo os sons e observando as imagens que aquela manhã de sábado me proporcionara. Pode parecer completamente trivial, mas qual foi a última vez que, sem compromisso de horário ou de lugar para se estar, você caminhou sozinho, sem sequer ter objetivo de destino?

Sentei ali mesmo sem canga nem toalha, me enchi de areia tal qual as crianças que faziam um castelinho na minha frente (coisa boa), tomei uma água de coco e, mesmo depois de uma hora surfando, fui tomada por uma vontade de entrar na água, mas dessa vez meu corpo pedia apenas para boiar.  Deixei a minha mochila com um casal que estava por ali com cadeiras e guarda sol e me fui, sem hora para voltar, pra dentro daquela água gelada, só deixando as ondas passarem por mim. 

Perdi a noção do tempo. Depois descobri que meu amigo, ao não me achar, tinha ido pra casa. Quando finalmente conseguimos nos falar, ele me ligou pedindo desculpas e dizendo que tava voltando pra pegar uma praia comigo. A gente fica preso de tal maneira na correria do dia a dia que, mesmo quando poderia estar fazendo nada, raramente percebe isso. Disse a ele que não precisava se desculpar e o agradeci pelo nosso desencontro.

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